sábado, 19 de janeiro de 2013


Hierarquia em um Terreiro, Tenda, Centro ou Casa espiritual...



A Umbanda apresenta facetas interessantes e que fogem ao tradicionalismo das religiões. Embora não exista nenhuma regra escrita que lhe dê o poder, o pai-de-santo (leia-se sempre: pai-de-santo ou mãe-de-santo) é quem dirige um terreiro de Umbanda e sua palavra tem a força da decisão. 

O fato peculiar é que ele não é nomeado e muito menos eleito: ele tem seguidores que acreditam e aceitam o que ele prega. Queiram ou não, ele é o chefe da comunidade que se abriga sob seu teto e o seu Orixá será sempre o chefe espiritual do terreiro. O Orixá cósmico do dirigente marca a linha de trabalho do terreiro e a entidade dessa linha que incorpora nele sempre será o chefe espiritual do terreiro que ditará todas as normas e regras para o seu funcionamento.

Depois deles surgem os capitães-de-terreiro, que são os que auxiliam os trabalhos e cuidam das coisas do terreiro, mas jamais podem substituir as tarefas dos dirigentes maiores, a não ser que lhe seja especificamente autorizado para tal. 
Finalmente os ogans, que são os que cuidam da parte musical do terreiro, principalmente dos atabaques. Entre essa hierarquia não pode haver discordância de filosofia. 
A fidelidade entre eles tem que ser absolutamente homogênea. Temos que entender ser impossível a unanimidade no conceito e no entendimento da religião, e ela pode ser discutida e modificada, principalmente na Umbanda que ainda não está bem definida em suas regras, mas sempre em nível interno da hierarquia do seu terreiro.
Discordâncias e não aceitação do mando levam os membros a uma ruptura da hierarquia capaz de fazer o papel do palanque de uma cerca. Mandar e ser mandado não podem ser confundidos com prepotência, arrogância e submissão. 
Aprendi com uma entidade que... "Quem não sabe obedecer jamais vai poder mandar" 
O soldado faz continência ao sargento, sargento ao tenente, o tenente ao capitão, o capitão ao major, o major ao coronel, o coronel ao general e o general à Bandeira Nacional.
Já me perguntaram se eu gosto de ser Mãe-de-Santo. 
Refleti bem antes de responder afirmativamente. 
Se sou uma é porque gosto e desejei sempre ajudar a quem necessitar espiritualmente,.
Na minha reflexão descobri que antes eu tinha compromisso só com as entidades que eu trabalho, hoje tenho com todas que trabalham no terreiro. E as pessoas às vezes não entendem que eu sou igual a qualquer um dos Médiuns, com todas as emoções, acertos e erros, e o que me difere é que sou talvez mais experiente e obrigado a cumprir o compromisso que assumi perante os espíritos que me cuidam. E todo pai-de-santo ou mãe-de-Santo, entre o dever de cumprir as suas obrigações e magoar um membro de sua corrente, fica sem opção... 
O compromisso com a espiritualidade tem que prevalecer. Tenho acertado comigo mesmo: Quando eu sentir que estiver, por um motivo qualquer, atrapalhando o terreiro, entregarei minha Guia de Yalorixá ao meu sucessor.
  • A Umbanda não tem um órgão centralizador · felizmente, e por isso não existem regras para a abertura de um Terreiro. Alguém se torna pai-de-santo ou mãe -de- santo quando recebe suas obrigações do SEU pai ou mãe -de-santo. Com sua personalidade, modo de ser, idéias sobre a religião e filosofias, é seguido por outros que acreditam no que diz e faz e se subordinam, espontaneamente, ao seu mando. São opções livres e da vontade de cada um.

  • O pai-de-santo ou mãe-de-santo , também chamado zelador, dirigente ou diretor, cria a linha de seu trabalho de acordo com seu Orixá Cósmico. 

  • Por isso que se diz Terreiro ou Casa de Oxalá, Ogum, Oxossi, Xangô, Yemanjá, Oxum ou Iansã...

  • A rudeza das minhas palavras não deve ser considerada como desrespeito aos meus companheiros, mas entendida como fidelidade à boa organização de um terreiro: A mãe ou pai-de-santo ditam as normas, a mãe ou pai-pequeno as acatam e os capitães de terreiro obedecem e as fazem ser cumpridas pelos médiuns iniciantes, os quais giram.
O que mais importa é a fidelidade e concentração durante sua vida espiritual num mesmo Terreiro, pois, aqui não costumamos BRINCAR de ser um bom MÉDIUM...

AQUI... TEM de o ser...

AQUI... Jamais desejo QUANTIDADE e sim, QUALIDADE!

                        Mãe Lenice D'Oxossi



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